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Praias do Norte da Ilha em Florianópolis têm pior início de verão para banho de mar em 21 anos

Por Rádio Princesa da Ilha FM 98.3 em 07/01/2023 às 13:28:12

Balneários famosos como Canasvieiras, Jurerê e Ingleses têm quase todos os pontos impróprios para banho. Banhistas em Canasvieiras ao lado do Rio do Brás, que é poluído, em Florianópolis

Tiago Ghizoni/NSC

As mais famosas praias do Norte da Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, tiveram o pior início de verão em 21 anos na questão da balneabilidade. Locais como Canasvieiras, Jurerê e Ingleses estão com a maioria dos pontos impróprios para banho, de acordo com análise do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA).

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Praias de Jurerê, Canasvieiras e Ingleses têm maioria dos pontos impróprios para banho na 1ª semana de janeiro, aponta IMA

Reprodução/IMA

A situação nesta primeira semana do ano é a seguinte:

Canasvieiras - todos os 8 pontos analisados pelo IMA estão impróprios para banho

Jurerê - todos os 5 pontos analisados pelo IMA estão impróprios para banho

Jurerê Internacional - 2 pontos são analisados e apenas o local em frente à Avenida dos Pampos está próprio para banho

Ingleses - dos 7 pontos analisados, um está próprio para banho, em frente à Rua Morro das Feiticeiras, no canto esquerdo

Análise histórica

A série histórica de balneabilidade disponibilizada pelo IMA começa em 2002. A pesquisa feita pelo reportagem leva em conta o intervalo entre o início do verão, em 21 de dezembro, até a primeira semana de janeiro do ano seguinte.

Esse período é sempre bastante procurado por turistas, que aproveitam a folga do final do ano para curtir as praias de Florianópolis. É preciso destacar também que, atualmente o IMA tem mais pontos de coleta e análise do que no início da série histórica.

Banhista em Canasvieiras, próximo ao poluído Rio do Brás, em Florianópolis

Tiago Ghizoni/NSC

Na abertura do primeiro verão da série analisada, do final de 2002 à semana inicial de 2003, Canasvieiras teve, entre seis pontos com água coletada pelo instituto, apenas um considerado impróprio para banho no período, na altura da Rua Acarí Margarida. A praia dos Ingleses e Jurerê, com cinco e quatro pontos analisados, respectivamente, também tiveram apenas um cada em condições ruins. Já Jurerê Internacional, com só um local de coleta, estava totalmente própria para acolher banhistas.

Na sequência da década, o pior início de verão foi o da virada de 2010, quando Canasvieiras tinha quatro pontos impróprios, a praia dos Ingleses, dois, e Jurerê, três. O Norte da Ilha já chegou a ter, no entanto, um começo de temporada em que só esta última apresentava algum trecho ruim, no início de 2005.

Banhistas em Jurerê Internacional

Catarina Duarte/NSC

Levando em conta os últimos 10 anos, foram se tornando mais comuns os inícios de verão com condições impróprias nas praias do Norte da Ilha. A pior situação se deu na virada para 2018, quando o IMA já passou a realizar a coleta de água em oito pontos de Canasvieiras, sete nos Ingleses, cinco de Jurerê e dois de Jurerê Internacional.

Naquela ocasião, Canasvieiras e Jurerê estavam completamente impróprias, a praia dos Ingleses ficou com apenas um ponto liberado, próximo ao Morro das Feiticeiras, e Jurerê Internacional teve banho contraindicado em um trecho, em frente à avenida dos Salmões. O panorama atual é semelhante.

O que dizem as autoridades

A Prefeitura de Florianópolis atribui o cenário de 2023 às fortes chuvas recentes que atingiram o município, o que aumentaria a vazão de dejetos para o mar.

Em dezembro do ano passado, a estação pluviométrica da Epagri de Carijós, no Norte da Ilha, registrou 415 milímetros de chuva. A média na região para o mês é 194 mm nos últimos 10 anos.

Antes disso, a autoridade meteorológica catarinense já contava com uma estação no bairro Itacorubi, onde a média registrada de precipitação em 22 anos é de 173 mm. Já no mês anterior, foram 492 mm.

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Desde o início do verão, a gestão municipal também colocou em xeque a atuação da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) ao tratar do problema da balneabilidade, em especial em Canasvieiras, onde deságua o poluído Rio do Brás.

No fim de dezembro, a prefeitura anunciou que faria uma vistoria das estações de bombeamento de esgoto da estatal no curso d'água, responsáveis por conduzirem os efluentes do bairro ao local adequado para tratamento.

No início do mês, o município chegou a aplicar uma multa de R$ 1,5 milhão à empresa por entender que a Estação Elevatória de Esgoto (EEE) localizada ao final da rua Madre Maria Milac, junto ao leito do Rio do Brás, estaria inoperante, causando o lançamento de esgoto bruto na água.

Rio do Brás em Canasvieiras, Florianópolis

Tiago Ghizoni/NSC

Anteriormente, a Casan, que recorreu da multa do Rio do Brás, informou que as duas bombas instaladas no local funcionam perfeitamente, com gerador próprio para o caso de falta energia. Disse que há ainda outras duas bombas reservas em Canasvieiras, bairro que tem 96% de cobertura de esgoto.

Na ocasião, a estatal ainda passou a responsabilizar a prefeitura pelo estado do Rio do Brás e da sujeira em Canasvieiras. A estatal apontou que a causa do problema seriam as ligações irregulares na rede de drenagem da região, que, em vez da água comum das chuvas, têm levado esgoto clandestino para o leito do rio. Isso ainda seria evidenciado pela chuvarada recente, que sempre agrava a poluição no local.

Impedir essas ligações clandestinas, o que dependeria de efetiva fiscalização da gestão municipal, seria a solução definitiva para o problema em Canasvieiras e também em outras praias, segundo a Casan. A estatal reforçou ainda que não há ligação de rede de esgoto com os balneários.

O que tem sido feito

À reportagem, a prefeitura afirmou realizar operações de fiscalização de ligações irregulares de esgoto semanalmente.

O município disse ainda que notificou a Casan em dezembro sobre investimentos em obras estruturantes e que tem cobrado a companhia para cumprir metas contratuais de saneamento. A estatal, por sua vez, afirmou que tem atuado para garantir isso.

"O que a Companhia pode garantir é que diariamente suas equipes trabalham para que a infraestrutura de saneamento seja operada de forma adequada, ao mesmo tempo que busca de forma incessante investimento para ampliar as redes de coleta e as unidades de tratamento na Capital", comunicou.

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Fonte: G1 SC

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