Homem preso em bloqueios que usaram 'métodos terroristas' em SC sai do presídio

Por Rádio Princesa da Ilha FM 98.3 em 23/11/2022 às 15:03:13

Inquérito foi aberto para investigar os crimes de associação criminosa, dano qualificado, desobediência e atentado contra a segurança de outro meio de transporte. Bloqueios bolsonaristas em SC lembram 'terroristas' e 'black blocks', diz PRF

O homem preso em Joinville, no Norte do estado, durante um bloqueio ilegal apontado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) como terrorista e que lembram black blocs foi solto. A informação foi confirmada pela Polícia Federal na noite de terça-feira (22), que comunicou também que abriu um inquérito para investigar o suspeito pelos crimes de associação criminosa e dano qualificado.

Detido na madrugada de sábado (19), ele tem 37 anos e responde também por desobediência e atentado contra a segurança de outro meio de transporte (veja mais abaixo). A identidade dele não foi divulgada e, por isso, o g1 SC não localizou a defesa dele.

A prisão ocorreu no km 25 da BR-101. Quando a PRF chegou ao local, encontrou cerca de 40 homens, a maioria encapuzados, trancando a rodovia com o uso de pneus queimados.

A PRF detalhou ainda no momento da prisão ele não teve direito a fiança e foi encaminhado ao presídio do município.

A Polícia Federal não detalhou se a prisão foi concedida por meio de habeas corpus ou fiança. Crimes que responde no inquérito, segundo a PF:

Artigo 330 do Código Penal – desobediência - detenção de 15 dias a seis meses e multa;

Artigo 163, parágrafo único, II e III, do Código Penal – dano qualificado – detenção de seis meses a três anos e multa;

Artigo 262, “caput” do Código Penal- Atentado contra a segurança de outro meio de

transporte – detenção de um a dois anos;

Artigo 288 do Código Penal – Associação criminosa – reclusão de 1 a três anos.

Ato criminoso, diz PRF

O ato onde ocorreu a prisão se juntou a outros protestos no fim de semana em Santa Catarina, onde a PRF disse ter desbloqueado ao menos 30 trechos nas estradas federais.

Em comunicado na segunda-feira (21), o órgão afirmou que os responsáveis pelos atos usaram bombas caseiras com gasolina, rojões e derramou óleo na pista.

As ações começaram na noite de sexta-feira (18), quando homens encapuzados invadiram estradas em uma ação que a PRF chamou de "criminosa e violenta".

"Em quase todos os pontos, os métodos utilizados lembraram os de terroristas ou de black blocs”: bombas caseiras feitas de garrafas com gasolina, rojões, óleo derramado intencionalmente na pista, “miguelitos” (pregos usados para furar pneus), pedras, além de barricadas com pneus queimados, latões de lixo, e troncos de árvores cortados e jogados deliberadamente na pista", disse a PRF em nota.

Apesar de o grupo estar encapuzado durante os ataques, lideranças foram identificadas. Deverão ser articuladas operações para prender os envolvidos. Todos os dados, fotos, vídeos e informações colhidas foram repassadas para a PF, responsável por investigar os criminosos.

Pregos presos em bananas foram espalhados pelas rodovias

PRF/Divulgação

Movimento black bloc

A referência feita pela PRF cita o movimento que surgiu na Europa nos anos 1980 e chegou às cidades brasileiras nos protestos de 2013 contra o aumento da tarifa do transporte público. Os black blocs são conhecidos por andarem encapuzados e promover ações violentas com uso de bombas e depredação.

Segundo a PRF em Santa Catarina, em vários pontos houve depredação do patrimônio público, com a destituição de grades de proteção da rodovia.