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Conheça a história de Fritz Müller, o naturalista que impactou SC

Por Rádio Princesa da Ilha FM 98.3 em 25/03/2022 às 16:29:24

Este ano é celebrado os 200 anos do naturalista que ajudou a provar as ideias de Charles Darwin Em 1859, a Biologia estava prestes a ser revolucionada por Charles Darwin. Esse foi o ano em que o naturalista britânico publicou o livro “A origem das espécies'”, apresentando para o mundo a Teoria da Evolução. O estudo quebrou paradigmas no século 19 ao afirmar que, na natureza, sobrevive não necessariamente o mais forte, mas quem melhor se adapta às condições do ambiente. Entretanto, para entender quem foi a primeira pessoa a provar as ideias do darwinismo, precisamos conhecer Johann Friedrich Theodor Müller, ou melhor: Fritz Müller.

Nascido na aldeia de Windischholzhausen, em Erfurt, na Alemanha de 1822, Fritz Müller era filho de pastor protestante e neto de um químico. Em 1841, estudou Matemática e História Natural na Universidade de Berlim.

Quatro anos depois, volta a Erfurt como professor ginasial, mas logo muda de ideia. Fritz decidiu cursar Medicina na Universidade de Greifswald — profissão que nunca exerceu, uma vez que se recusou a realizar o juramento de formação na entrega do diploma. Por ser agnóstico, Fritz negou jurar que exerceria a profissão em nome de Deus.

A universidade ficava à beira do Mar Báltico, local onde o jovem alemão iniciou seus estudos relacionados às espécies e à Biologia.

Ideais políticos afastam Fritz Müller da Alemanha

Fritz era entusiasta dos ideais de pensadores como Kant, Hegel, Engels e Marx, por isso, não demorou para que o jovem ficasse insatisfeito com a monarquia alemã da época. Com o fiasco da Revolução de 1948, decide ir embora da Europa para nunca mais voltar.

Em 1852, Müller embarcou para o Brasil entre outros milhares de imigrantes e construiu não apenas um lar em Santa Catarina, mas também um legado que ultrapassaria gerações. Aos 30 anos, se instalou na recém fundada colônia de Hermann Blumenau com a esposa e uma filha. Em carta ao irmão Hermann, Fritz afirmou que escolheu viver “com o machado e a enxada, na mata virgem, sentindo-se esplendidamente bem”.

Com receio de que o naturalista disseminasse suas convicções políticas e agnósticas pela colônia, Hermann Blumenau sugere a transferência de Fritz para Desterro, em 1856, para lecionar no Liceu Provincial — colégio fundado pela Assembleia da Província.

O despertar da Ciência

Distante de sua terra natal e completamente imerso na natureza brasileira, Fritz descobriu-se um observador nato. Passou a interpretar e documentar toda a fauna e a flora das matas, dos rios e do mar, aprofundando-se em aspectos biológicos, ecológicos, anatômicos e evolutivos das espécies. Em Desterro, passou 11 anos estudando crustáceos e outros seres da vida marinha.

Em algum dia da história, no ano de 1861, Fritz Müller recebia uma correspondência do amigo Max Schultze. Era um exemplar do livro "A Origem das Espécies". Maravilhado, Fritz decidiu contribuir com os estudos de Darwin para provar a Teoria da Evolução, que era pouco aceita na comunidade científica da época. Em 1864, reuniu os estudos realizados e publicou seu primeiro e único livro, “Für Darwin” – Para Darwin, em português. A obra o colocou nos holofotes da ciência mundial como o pioneiro a testar e comprovar a proposta de Darwin sobre a evolução das espécies.

O príncipe dos observadores

O livro publicado, é claro, chamou a atenção de Charles Darwin. Fritz Müller foi o primeiro cientista a apresentar modelos matemáticos para explicar a seleção natural, produzindo provas contundentes para a teoria. Darwin e Müller começaram a trocar correspondências em 1865. Com mais de dezenas de cartas trocadas, os dois cientistas firmaram uma amizade que durou 17 anos e levou Darwin a apelidar Fritz de “o príncipe dos observadores” e a mencioná-lo 17 vezes na reedição da obra do naturalista britânico. O renomado zoólogo alemão Ernst Haeckel, criador do termo Ecologia, chamava Müller de “Herói da Ciência”.

De volta à Blumenau

Três anos após o fim do Liceu Provincial, onde era docente, Fritz Müller retorna à Blumenau em 1867, animado para retomar suas pesquisas. Nesse período, dedicou-se a dissecar plantas, documentar a organização social das formigas, analisar borboletas e observar o comportamento das colmeias. Entretanto, a partir de 1879, uma série de infortúnios começou a abalar as estruturas do cientista.

Primeiro, recebeu a notícia do falecimento de sua filha Rosa, que morava na Alemanha. Em 1882, descobre que seu amigo Darwin também havia falecido. No ano seguinte, seu irmão, confidente e também cientista Hermann Müller deixou esta vida. Fritz se lançou ao desgosto e a uma depressão sem precedentes. Só o incentivo dos netos, tempos depois, despertou nele a vontade genuína de voltar com suas pesquisas. Mesmo com os percalços, Fritz deixou 264 publicações em periódicos científicos, mudou o rumo da Biologia e há duzentos anos é lembrado em toda a comunidade científica, e em Santa Catarina como o médico que dedicou sua vida à Ciência.

Fritz Müller faleceu em 21 de maio de 1897, em Blumenau, três anos após a morte de sua esposa Caroline. Nasceu alemão, mas deixou este mundo como um brasileiro de corpo e alma.

Para saber mais sobre Fritz Muller, acesse o canal do g1.

Fonte: G1 SC

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