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Família ucraniana que já morou em Balneário Camboriú enfrenta viagem de trem de 14 horas para fugir da guerra; VÍDEOS

Por Rádio Princesa da Ilha FM 98.3 em 05/03/2022 às 17:36:24

Volodymyr Borodin tenta sair da Ucrânia acompanhado da mulher, filho, sogra e gato de estimação. Por conta de pendências com documentos, família está hospedada em hotel na região de fronteira com a Eslováquia. Artista plástico ucraniano registra tentativa de fugir do país

Uma família de ucranianos que já morou em Balneário Camboriú, no Litoral Norte do estado, tentam fugir da guerra e voltar ao Brasil. O artista plástico Volodymyr Borodin acompanhado da mulher, sogra, filho de 3 anos, que é catarinense, e o gato de estimação, começaram o percurso com uma viagem de trem que durou cerca de 14 horas e enfrentaram temperaturas abaixo de 0°C. Neste sábado (5), eles tentam resolver pendências com documentos do serviço militar para chegar até a Eslováquia.

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O conflito entre Rússia e Ucrânia começou no dia 24 de fevereiro, enquanto o casal ainda estava na capital Kiev, aguardando a documentação da pequena Mikaela. Com isso, eles ficaram em um abrigo de 40 m² cedido pela empresa que fez o processo de fertilização com outros estrangeiros.

Primeiro dia de viagem

Família ucraniana que já morou em Balneário Camboriú enfrenta viagem de trem de 14 horas

Para sair de Fastiv, região de Kiev, Borodin disse que na plataforma havia polícia e voluntários armados para evitar confusões nas entradas dos vagões.

A família conseguiu embarcar em um quarto, com quatro camas e uma mesa, para uma cidade próxima da fronteira, que é uma região turística de montanhas (veja fotos abaixo).

"Quando chegamos na plataforma, em toda a estação as luzes estavam apagadas, por segurança, para não chamar a atenção dos aviões militares. A gente ficou duas horas esperando o trem. Quando fomos não tinha tanta gente, porque ontem por exemplo, tinham muitas pessoas e ocorreram brigas para entrar e foi preciso chamar a polícia. Conseguimos embarcar e por muita sorte nós recebemos um quarto de trem", disse.

Família ucraniana que morou em Balneário Camboriú faz viagem de trem até região da fronteira com a Eslováquia

Volodymyr Borodin/ Arquivo pessoal

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Crianças observam paisagem durante viagem de trem na Ucrânia

Volodymyr Borodin/ Arquivo pessoal

Ajuda de voluntários

Após percorrer o trecho e chagar em Uzhhorod a família encontrou dentro da rodoviária ajuda para refugiados, com profissionais das áreas de psicologia e medicina. Além disso, havia grupos distribuindo alimentos e bebidas.

"Tem bastante atendimentos, é muito bom. Psicólogos trabalhando com crianças, com pessoas, porque tem gente com pânico, gente chorando, também pontos de medicina para quem está precisando de ajuda. Tem tudo para que as pessoas, como se possível, possam se sentir melhor e bem. Tem voluntários que ajudam as pessoas conseguirem abrigo, quem não tem lugar para dormir, porque todos os hotéis e casas para alugar estão lotadas. É muito difícil achar um hotel ou apartamento na cidade", afirmou.

Segundo Borodin, os voluntários ajudam as famílias para ir até escolas e igrejas, que foram preparadas para receber os refugiados. Também foram disponibilizados ônibus de forma gratuita para transportar quem precisa chegar até a estação de trem que leva até a Hungria.

Família tenta fugir da guerra e chega em região de fronteira na Ucrânia

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No ponto para passar a fronteira em Mukachevo, Borodin disse que foi impedido por conta de documentos do Exército estarem vencidos.

"Não consegui ultrapassar a fronteira e nós voltamos para Suskovo. Não conseguimos um lugar para ficar pois está tudo ocupado. Conseguimos por ajuda de um amigo para uma cidade que está perto, que arrumou um quarto para um hotel e estamos no hotel", disse.

Família tenta sair da Ucrânia e viaja para a região da fronteira

Volodymyr Borodin/ Arquivo pessoal

O casal morava e trabalhava em Santa Catarina. O filho deles nasceu em Balneário Camboriú. Volodymyr explicou que a família foi à Ucrânia por conta da mulher que tinha um trabalho como jornalista e queria voltar, mas não conseguiu voltar por causa da pandemia da Covid-19. Durante este período, ele conta que não conseguiu renovar os documentos.

Até resolver as pendências, Borodin explica que a família irá ficar no hotel em Suskovo, onde devem ficar até conseguirem definir os próximos passos da viagem.

"Se semana que vem não der certo com meus documentos, vou tentar mandar minha família para fora da Ucrânia. Acredito que vão ir até Varsóvia, onde vai partir um voo que o governo brasileiro organizou", explicou.

Por que a Rússia invadiu a Ucrânia?

Andrew Traumann, professor de Relações Internacionais, doutor em História e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas do Oriente Médio (Gepom), explica que as tensões no leste europeu começaram ainda na década de 1990.

Para o professor, o estopim para a invasão foi a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que é uma aliança militar entre Estados Unidos e vários países da Europa, e a possibilidade da entrada da Ucrânia no grupo.

"Esse processo se acelerou muito a partir do 11 de setembro, durante o governo do presidente norte-americano George W. Bush, que estimulou essa expansão. A gente percebe como que a Rússia ficou geopoliticamente cercada. A questão da Ucrânia foi como se fosse uma linha vermelha", explicou.

Traumann disse ainda que, na visão russa, Putin resolveu agir preventivamente, pois entende como inadmissível a entrada da Ucrânia na Otan, já que a Rússia passaria a estar cercada militarmente.

O professor também descarta a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial, por causa do conflito. Para ele, os países da Otan não devem entrar em combate armado contra a Rússia.

"A Otan e os Estados Unidos não vão se arriscar em uma guerra por causa da Ucrânia. O uso de armas nucleares é um grande fator de dissuasão, porque ninguém quer pagar para ver", disse.

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Fonte: G1 SC

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